As migrações como forma de combater a pobreza
Leia o artigo de Cátia Batista, diretora científica do NOVAFRICA, publicado na revista Brotéria e agora também no blogue do NOVAFRICA sobre como a migração é um instrumento de luta contra a pobreza no mundo.
FALTAM PESSOAS E FALTA CRESCIMENTO ECONÓMICO EM PORTUGAL
Faltam pessoas para trabalhar em Portugal. Faltam pessoas qualificadas para liderar projetos em áreas de futuro com elevada produtividade e potencial de crescimento com escala. Faltam também pessoas para fazer trabalhos menos qualificados – como cuidados de apoio a idosos, trabalhos na agricultura ou na construção civil.
Na sociedade portuguesa, uma sociedade em claro envelhecimento, como é evidenciado no mais recente censo de 2021, esta necessidade de trabalhadores tende a aumentar. Uma grande parte das pessoas que nascem em Portugal e que poderiam contribuir para sectores onde falta mão-de-obra decidem deixar o país. Muitos dos que ficam sentem que não têm condições para ter filhos – ou pelo menos tantos quanto desejariam.
Neste contexto, não deixa de criar estranheza o desconforto crescente com que Portugal recebe os imigrantes que escolhem o nosso país para viver e trabalhar. Durante muitas décadas (ou séculos?), Portugal foi um país pobre e periférico de onde saíram muitos emigrantes e para onde não imigrava praticamente ninguém. O país construiu, neste contexto, uma reputação de bem receber estrangeiros, em que muito do sector do turismo ainda hoje se alavanca. Mas cada vez é menos assim. Os imigrantes qualificados, muitos deles europeus ou provenientes da América do Norte, queixam-se de ouvir continuadamente dizer que são os culpados pelo aumento dos preços das casas e que não são assim tão bem-vindos. Pior ainda é o tratamento que recebem os imigrantes menos qualificados, tipicamente oriundos de países mais pobres em África ou na Ásia, que se endividam para conseguirem vir trabalhar em Portugal e, assim, poderem ajudar a alimentar e a educar a família que deixam para trás.
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