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Global Handbook of Impact Investing

“Global Handbook of Impact Investing: Solving global problems via smarter capital markets towards a more sustainable society”

Elsa de Morais Sarmento e R. Paul Herman

Desde os primórdios do pensamento económico, que os especialistas têm lutado para encontrar soluções para superar a desigualdade, a pobreza e as lacunas relacionadas com a falta de acesso à educação e saúde. Mais recentemente, adicionámos a este rol de preocupações o empoderamento das mulheres, as classes mais vulneráveis ​​e as mudanças climáticas.

A abordagem e as ferramentas inovadoras do Investimento de Impacto ajudaram a repensar e reformular as soluções para uma economia mais inclusiva, da qual todos podem beneficiar. Estas sementes foram plantadas nas últimas décadas do século XX, através dos movimentos de investimento socialmente responsável e responsabilidade corporativa. Desde então que o Investimento de Impacto tem permitido que indivíduos, e micro e pequenas empresas recebam apoios por meio de empréstimos comerciais – desde microfinanças a investimentos directos na forma de capital privado (private equity) – em lugar dos instrumentos mais tradicionais, como subsídios ou subvenções, ou ajuda ao desenvolvimento e cooperação.

A popularidade crescente da qual o Investimento de Impacto desfruta decorre dos esforços maciços dos pioneiros desta indústria, que trabalharam incansavelmente para colocar a teoria em prática, estabelecendo uma estrutura, uma rede formal e um mercado dedicado a esta indústria nascente.

O recém-lançado “Global Handbook of Impact Investing”, publicado pela Wiley (2021) contém a informação mais completa e atualizada sobre como todo este fenómeno se está a desenrolar e como o Investimento de Impacto está a impulsionar essa mudança, através de uma abordagem alternativa integradora para a criação de mercados mais inclusivos, de forma a combater a pobreza através da criação de riqueza, para o fomento da coesão regional nacional, trabalhando em prol dos objetivos de competitividade e inclusão no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Este Handbook global destina-se a si – quer seja um académico, estudante, parte do corpo docente de uma instituição académica, investidor, membro de uma fundação, gestor de fundo de pensões, instituição financeira de desenvolvimento, banco multilateral, doador bilateral, organização dirigida por doadores, organização não governamental (ONG), organização da sociedade civil. Procuramos trazer-lhe os mais recentes conhecimentos de quatro continentes do mundo para o informar e inspirar.

Com este Manual Global, esperamos ajudá-lo a entender a razão pela qual investir com vista a gerar impacto é benéfico. Fornecemos evidências sobre o funcionamento deste ecossistema, envolvendo diversas regiões. Este volume reúne mais de 50 autores inovadores, pioneiros, especialistas e académicos de quatro continentes, e as suas experiências profissionais e pessoais.

Os autores deste Handbook descrevem todo o conjunto de capitais a serem investidos e alocados, para além do capital financeiro. Capital humano, capital natural e capital social são outros três tipos de capital que devem ser considerados. Em termos e teoria económica tradicional, são conhecidos como trabalho, terra e redes. Estes foram agora denominados no âmbito dos ODS e das Nações Unidas, como pessoas, planeta e confiança, e resumidos nos 17 ODS.

Este Handbook descreve como o investimento de impacto cresceu globalmente, como diferentes estruturas estão sendo criadas e evoluindo para medir o impacto e quais as acções e estratégias que podem ser aplicadas para se obter conjuntamente um impacto positivo e um potencial de lucro. Este aborda ainda o capital social e as redes de relacionamentos subjacentes a iniciativas de múltiplos intervenientes (multi-stakeholder initiatives), parcerias público-privadas (PPP) e cadeias de valor.

Além disso, oferece ferramentas e conselhos práticos sobre como se tornar um investidor de impacto, tendo em mente que existem diferentes tipos de investidores de impacto, com uma multiplicidade de tipos objetivos de impacto e de metas de retorno financeiro. Além disso, a comunidade de investidores de impacto pode condicionar de forma favorável tanto formuladores de políticas, como actores institucionais a terem abordagens mais apropriadas e combinações mais apropriadas entre sectores e instrumentos.

O prefácio de Justin Rockefeller oferece uma perspectiva pessoal sobre seu “cinto de ferramentas”, argumentando que todos podemos ter um papel transformador se utilizarmos com precisão nosso capital, tempo, conhecimento, paixão, influência, rede, voz e voto. A maneira como cada um de nós ganha, gasta, doa e investe o seu dinheiro tem consequências morais. Podemos alavancar essa influência nas várias comunidades e redes das quais fazemos parte, pois elas têm um potencial maior para efectuar mudanças.

O Global Handbook of Impact Investing está divido em seis partes. A primeira parte sobre  “The Expanding Boundaries and Sophistication of the Impact Investing Ecosystem”, indica como o ecossistema de investimento se está a tornar cada vez mais sofisticado na criação de impacto social, explorando a razão pela qual os investidores se estão a apoiar cada vez no investimento de impacto.

A Parte II, “The Value of People in Impact Investing”, descreve como o valor económico pode ser criado a partir de fontes conhecidas, mas geralmente ignoradas. As pessoas por exemplo são um dos activos mais valiosos e podem representar metade da estrutura de custos de uma organização. O investimento com enfoque no género (Gender lens investing) é explicado em quatro capítulos esclarecedores.

A parte III, “The Value of Nature, Climate, and Planet in Impact Investing”, demonstra como um portfólio se pode adaptar à revolução energética e à acção climática, bem como a novos instrumentos financeiros de forma a promover transparência, desempenho e responsabilidade.

A parte IV, ” Measuring and Reporting Impact: Approaches, Standards, Methods, and Tools”, traz-nos o conhecimento de ponta sobre como fazer para quantificar com mais rigor os resultados do investimento de impacto. São três os capítulos que cobrem a próxima geração de estruturas de medição de impacto, oferecendo a perspectiva mais actual sobre como medir, avaliar e comunicar impactos. Eles capítulos resumem os principais métodos de avaliação de impacto e indicam que métodos são os mais apropriados para cada caso, fornecendo exemplos sobre as abordagens de avaliação mais recentes utilizadas por fundações líderes na área. A “avaliação transformativa” (transformative evaluation) é apresentada como um método para garantir que todas as partes interessadas são propositadamente incluídas em scorecards de medição de resultados de impacto.

A parte V, “The Call to Action: Impact Experiences from Around the Globe” oferece exemplos de experiências de sucesso, bem como casos inspiradores e melhores práticas em todo o mundo. Incluímos casos e exemplos de África e comparamo-los com os da América Latina, Ásia e outras partes do mundo. A Parte VI “Where Is the Future of Impact Investing Headed?”, conclui com uma visão de futuro.

Esperamos que este livro o possa ajudar a experimentar e a testar novas abordagens no seu portfólio e com o seu trabalho em avaliação de resultados de âmbito social.

Estamos curiosos para conhecer as suas experiências e aspirações neste domínio, e o que aprendeu ao lidar com Investimentos de Impacto. Gostaríamos que nos fornecesse os seus comentários sobre o livro e que compartilhasse as suas experiências connosco. Ficamos a aguardar.

Boas leituras e continuação de um bom impacto.

Elsa de Morais Sarmento e R. Paul Herman

elsa.sarmento@gmail.com

rpaulh@gmail.com