Do Boson de Higgs à Realidade do Mundo
No início da década de 1960, Peter Higgs levantou a hipótese da existência de um boson capaz de explicar o comportamento e a origem das massas de partículas, com base no Modelo Padrão de Partículas Físicas. No entanto, desde então, não houve condições tecnológicas capazes de estudar este tema profundamente – até 2008, quando o Large Hadron Collider foi construído. É constituído por dois aceleradores poderosos que tentam encontrar não só o Boson de Higgs, mas também possíveis componentes da matéria escura. Embora ambos tenham os mesmos objetivos, eles diferem uns dos outros pelas as suas soluções técnicas e pelo tipo de sistemas magnéticos.
De acordo com a revista Forbes, o LHC levou cerca de uma década para construir, com um custo total de 4,75 bilhões de dólares. O CERN contribui com aproximadamente 20% das experimentas acima mencionadas, o que representa um total de 5,5% de bilhão anualmente. O resto é subsidiado por colaborações internacionais. O poder de computação também é parte essencial do custo de execução do CERN – cerca de 286 milhões de dólares por ano. Em termos de eletricidade, o custo total é de cerca de 23,5 milhões de dólares por ano. Todo o orçamento operacional do LHC é de aproximadamente 1 bilhão de dólares por ano.
Por outro lado, os problemas crónicos nas regiões mais pobres são numerosos: educação limitada, os sistemas de saúde são incapazes de responder às necessidades básicas, a maioria das crianças está sob a linha da pobreza, a injustiça social e o abuso dos direitos de propriedade são práticas comuns. Além disso, não é vista uma capacidade de intervenção que depende desses desafios.
Tendo tudo isso em conta, surgiram muitas questões, algumas já apresentadas em uma interpelação a um astronauta em um famoso poema de José Saramago:
“É tão necessário gastar bilhões de dólares a tentar encontrar o Boson de Higgs, quando parte desse dinheiro poderia ser investido em problemas sociais, como saúde ou educação? É tão importante entender o que está a acontecer no universo, em vez de dar melhores condições a quem vive neste mundo? A descoberta de Higgs Boson irá trazer tais explicações e evoluções tecnológicas capazes de responder às necessidades existentes? Se a descoberta do Higgs Boson apresentar resultados diferentes dos esperados, isso não tornará o mundo científico voltado para zero? E se sim, eles não terão que investir milhões e milhões para resolver uma nova maneira de entender as partículas físicas? O ser humano usará essa descoberta de uma boa maneira ou será o mesmo que a bomba atómica? Por que tanto crescimento tecnológico quando mesmo os valores básicos do ser humano não são assimilados em cada um de nós? “
Obviamente, não há dúvida sobre a importância da investigação científica, nem as suas vantagens inegáveis. No entanto, parece mais importante encontrar um equilíbrio entre as várias valências da vida humana.
Escrito por Daniela Afonso, estudante de bacharel na Nova SBE e membro do Grupo de Estudantes NOVAFRICA