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A minha experiência moçambicana

Desde que recebi o meu diploma, sempre senti que precisava fazer parte de algo diferente, fora dos estágios normais, para me trazer um enriquecimento pessoal e profissional. Queria deixar Portugal e ter uma experiência em África, onde eu poderia viver um contraste económico e social.

Então, na minha procura por um projeto na minha área em África, soube através do NOVAFRICA que havia uma vaga para um projeto de microcrédito em Maputo, Moçambique. Solicitei imediatamente e depois de ser aceito (eu e dois colegas), decidi aproveitar esta oportunidade para desenvolver também o meu projeto de tese em Moçambique.

Para começar a pesquisa para a tese, leio vários estudos que avaliam o impacto da formação em negócios no desempenho do negócio nos países em desenvolvimento e isso deu-me mais vontade de ter contato com a África e estudar mais profundamente o tipo de gerenciamento de microempreendedores em Moçambique.

O projeto de microcrédito teve como objetivo emprestar dinheiro (por Moza BanK) aos microempresários moçambicanos. Após a chegada dos meus colegas, foram criadas 3 equipas compstas por 2 elementos cada: 1 estudante português e 1 estudante mozambicano. Esses colegas mozambicanos ajudaram-nos muito no contato com os microempreendedores porque, embora compartilhássemos a mesma língua, muitos não entenderam o que os portugueses diziam.

Para ter acesso a microempreendedores, tivemos contatos com associações e, nos mercados informais de Maputo (onde os microempresários têm os seus negócios), fizemos sessões de esclarecimento. Em primeiro lugar, acabamos por ter mais conformidade do que esperávamos e ouvimos muitas pessoas – algumas com ideias megalomaníacas e outras com um projeto da vida real. Quando percebemos, as pessoas que não estavam nas sessões de esclarecimento estavam a ir ao nosso encontro e perguntaram-nos se estávamos a dar dinheiro. Das 37 pessoas que entrevistei com ideias para os seus negócios, escolhi 3, para o qual desenvolvi um documento que continha todas as informações do candidato e uma análise dos negócios que o candidato queria implementar. Então o Banco Moza analisou todos os projetos e apenas um foi escolhido. Para isso, foi necessário desenvolver um plano de negócios que permitisse ao candidato de receber financiamento.

Nos dois projetos que me  envolvi (o projeto de tese e o projeto de microcrédito), as dificuldades experimentadas foram diferentes. No projeto de microcrédito, todas as pessoas queriam conversar connosco e vinham até nós, mas quando tentei fazer perguntas para o meu projeto de tese, as pessoas recusaram-se a responder ou deixaram o questionário incompleto porque achavam que eu estava a tentar saber mais do que deveria. Toda essa experiência forçou-me a ser mais ágil e sempre procurar outras soluções.

Depois do meu regresso a Portugal, notei que gostava mais de Moçambique do que o que imaginava quando estava lá. Experimentei algo que acredito que nunca mais voltarei a viver, mas para o qual gostaria de agradecer ao NOVAFRICA. Sem essa oportunidade, não poderia ter vivido essa experiência para a qual estou imensamente agradecida. Posso usar muitas palavras para tentar descrever essa experiência, mas sempre ficarei aquém, porque somente a experiência em si permite a compreensão de todo o escopo e impacto.

Obrigado NOVAFRICA por me permitir, não só desenvolver meu projeto de tese, mas conhecer pessoas maravilhosas com quem eu passei todos os dias e cuja ajuda me permitiu terminar com sucesso os projetos pessoais e profissionais que eu estabeleci.

 

Escrito por Teresa Pedro, Nova SBE Master Student e NOVAFRICA estagiário de pesquisa em 2013