Pensamentos sobre a Vida Moçambicana por uma Estagiaria do NOVAFRICA
Quando soube que iria para Moçambique este Verão com o NOVAFRICA, fiquei, claro, entusiasmada e ansiosa pela nova experiência. No entanto, nunca esperei que tivesse o impacto que está a ter, agora que já estou há mais de um mês a morar em Maputo.
A nossa equipa de quatro raparigas está a trabalhar num projeto relacionado com literacia financeira e a introdução de Mobile Money nos mercados urbanos de Maputo e da Matola. Agora que conheço realmente a realidade destes mercados e dos empreendedores que lá trabalham, percebo a relevância deste estudo e o possível impacto dos seus resultados.
Mas vou começar pelo início. Os nossos dez primeiros dias foram uma espécie de “estágio” para perceber a cidade de Maputo, com a ajuda dos nossos colegas do escritório do NOVAFRICA. Foi encorajador conhecer estas pessoas que trabalham todos os dias para alcançar os mesmos objetivos que nós e que partilham a mesma convicção: “Que as evidências são tão ou mais relevantes que as nossas esperanças ou intuições”.
A pouco e pouco começamos a ficar fascinadas por Maputo e os seus contrastes – por todo o lado as cores das lindíssimas capulanas, o cheiro dos deliciosos frutos e vegetais que se vendiam nas ruas, o alegre “Bom dia!” e os constantes sorrisos de toda a gente. Mas se prestarmos atenção conseguimos ouvir o ruído cinzento do trânsito, tropeçar no buraco enorme no meio da rua, ou experienciar os intimidantes sinais de pobreza em alguns cantos.
No entanto, é com imensa alegria que entramos no “chapa” todas as manhãs rumo aos mercados com as nossas equipas de entrevistadores, sempre acompanhados pela música alta e animada que entra pelos nossos ensonados ouvidos.
Mas das melhores partes do trabalho é sem dúvida ter a oportunidade de ouvir tantas histórias de vida inspiradoras quando entrevistamos as pessoas nos mercados. E definitivamente o entusiasmo das novas amizades… receber uma laranja da nossa nova amiga de 15 anos, ouvir “Joaninha!!” todos os dias das minhas amigas “vovós” e “mamãs”. Com elas choro a rir e consigo sentir-me confortável nos nossos momentos de silêncio (o que para mim é uma coisa rara).
Estou a aprender que apesar de por vezes o trabalho ser duro vale a pena se tiver um sentido. Estou a aprender que se queremos contribuir para a Economia do Desenvolvimento temos de nos pôr na pele dos outros, ultrapassar medos e preconceitos e pensar a sério sobre as questões relevantes. Mas principalmente estou a aprender o bom que é experimentar esta alegria, doçura e simplicidade deste país que é Moçambique!
Escrito por Joana Cardim, aluna do doutoramento na Nova SBE e membro do Grupo de Alunos NOVAFRICA.